terça-feira, 1 de junho de 2010

Por que o cirurgião vascular não tem seu espaço assegurado nas equipes de transplantes de órgãos? Laerte Andrade Vaz de Melo


Ao Sr. Guilherme Benjamin Brandão Pitta

Presidente da SBACV

Na reunião realizada no XVIII Fórum SBACV em 11 de maio no Colégio Brasileiro de Cirurgiões na cidade do Rio de Janeiro, entre os diferentes temas dos módulos, foi apresentado: - Por que o cirurgião vascular não tem seu espaço assegurado nas equipes de transplantes de órgãos?

Penso que este tema tem extraordinária importância nos dias atuais em que se tornou prática estabelecida em todo o mundo, trazendo benefício a milhares de pacientes. Neste momento a SBACV, eu acredito, tem uma enorme relevância no estimulo aos cirurgiões vasculares na participação ativa nestes procedimentos. Considerando a relevância que as sociedades cientificas exercem na formação da especialidade e, sobretudo na coordenação em nível nacional, trazendo inequivocamente para Sistema de Saúde uma contribuição cientificamente de um tema de complexidade oceânica.

Para ser a idéia do Tema, o PARLAMENTO EUROPEU em reunião realizada em maio de 2010 estabeleceu um Consenso de qualidade e segurança dos transplantes de órgãos em toda Europa.

A Portaria No. 2600 de 2009 têm base forte, conteúdo regulamentador, estabelecendo normas e supervisão, alicerçada nos princípios científicos e éticos organizada pelo Sistema Nacional de Transplantes. No entanto, os cirurgiões vasculares não foram citados na lei como especialistas capazes de participar dos transplantes. No Brasil, diferentemente, inúmeras equipes já trabalham em conjunto com os urologistas e cirurgiões vasculares e esta deve ser a prática mais adequada.

Certamente Carrel e Guthrie que em 1906 quando desenvolviam as técnicas vasculares nos experimentos em transplante, não anteviam uma realidade para os próximos séculos da Medicina.

Dos dados atuais fica evidente que com atual demanda e a taxa de realização de transplantes, não há perspectiva em médio prazo da redução da fila de espera, embora se saiba que o Brasil seja um grande transplantador no mundo.

Nesta corrida contra tempo, a favor da vida, os imunossupressores vieram garantir com segurança imunológica a sobrevida dos órgãos transplantados.

Com certeza a atuação do cirurgião vascular nas equipes formadas para a realização dos transplantes é de importância fundamental entre os demais profissionais destas equipes. No rim doador, por exemplo, com freqüência são encontradas variações anatômicas, doenças ateroscleróticas e lesões iatrogênicas no momento da retirada do rim. Dos estudos atuais em particular Novick e autores, sabe-se que 25 % dos doadores apresentam múltiplos vasos unilateralmente e 10 % bilateralmente. Com a terapêutica imunossupressora segura e com menor incidência de seus efeitos colaterais os pacientes idosos estão sendo transplantados em maior número. Estes últimos critérios expandidos dos órgãos aumentam em escala a importância do cirurgião vascular na inclusão na Portaria citada. Considerando a nova fase da cirurgia endovascular podemos antever uma forma segura de tratamento das estenoses arteriais.

Neste cenário acrescentam-se as tromboses venosas com uso prolongados dos cateteres para hemodiálise, sendo necessária a anastomose na veia cava inferior e ou veia renal em crianças principalmente.

Assim, entre os diversos aspectos técnicos e organizacionais, é fundamental a consolidação da atuação da SBACV nas decisões técnico-científicas do Tema Transplante.

Laerte Andrade Vaz de Melo